
Obras

"Agô, meu pai"
Autor: Cawê Tumbi
Técnica: Aquarela e nanquim sobre tela
Ano: 2021
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Memorial:
“Todo o processo foi sensitivo, lembrei do quarto de Exu de minha biza... Qual é a cor, qual sensação ele me traz e quando esbocei o Exu foi automático para todos que mostrei: Era o exu Tiriri de meu irmão que estava naquela folha.
Foi um processo onde não tive controle sobre como seria, por mais que tentasse, foi aquele trabalho que se cria sozinho”.
Técnica: Aquarela e nanquim sobre tela
Ano: 2021
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Memorial:
“Todo o processo foi sensitivo, lembrei do quarto de Exu de minha biza... Qual é a cor, qual sensação ele me traz e quando esbocei o Exu foi automático para todos que mostrei: Era o exu Tiriri de meu irmão que estava naquela folha.
Foi um processo onde não tive controle sobre como seria, por mais que tentasse, foi aquele trabalho que se cria sozinho”.

"Dono da Rua"
Autora: Zana
Técnica: Pintura Digital
Ano: 2021
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Memorial:
“Esú, aquele que aponta luz aos caminhos com sua chama sempre acesa. O grande mistério da meia noite, da encruzilhada, da lei, das escolhas, das trancas, chaves, fechaduras, das ruas dessa vida.
Materializar isso em imagens é sempre um desafio, sempre uma grande expectativa.
Nesse caso, escolhi retratá-lo na noite, na escuridão e seu abismo, de forma a associar com as maiores sombras, que são as nossas internas.
Os mistérios dos seus elementos se encontram de forma simples, mas munidos de sua grande elegância e imponência. À Ele, prestamos reverências, pois nos ensina a ser humildes. Transita entre o "sagrado e o profano", pois Este, conhece bem o ser humano.
Com seu charuto faz fumaçar as possibilidades e nos faz enxergar o rumo independente de sua face. Vida é dualidade.
Laroyê Exu! É de dentro de seu padê que ecoa nossa verdade e caráter.
Esú é coragem”.
Técnica: Pintura Digital
Ano: 2021
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Memorial:
“Esú, aquele que aponta luz aos caminhos com sua chama sempre acesa. O grande mistério da meia noite, da encruzilhada, da lei, das escolhas, das trancas, chaves, fechaduras, das ruas dessa vida.
Materializar isso em imagens é sempre um desafio, sempre uma grande expectativa.
Nesse caso, escolhi retratá-lo na noite, na escuridão e seu abismo, de forma a associar com as maiores sombras, que são as nossas internas.
Os mistérios dos seus elementos se encontram de forma simples, mas munidos de sua grande elegância e imponência. À Ele, prestamos reverências, pois nos ensina a ser humildes. Transita entre o "sagrado e o profano", pois Este, conhece bem o ser humano.
Com seu charuto faz fumaçar as possibilidades e nos faz enxergar o rumo independente de sua face. Vida é dualidade.
Laroyê Exu! É de dentro de seu padê que ecoa nossa verdade e caráter.
Esú é coragem”.

"Exú"
Autor: Isha Ravi
Técnica: Colagem digital
Ano: 2021
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Técnica: Colagem digital
Ano: 2021
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"Pombagira Rosa Caveira"
Autora: Raphaela Corsi (Karmaleão)
Técnica: Pintura Digital
Ano: 2021
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Memorial:
“Eu queria descentralizar a imagem de mulher do cotidiano, puxando mais o lado ancestral e de pura magia da pombagira. Escolhi Rosa Caveira imaginada na vertente da Santeria Afro-cubana.
A herança de pintura de rosto, do charuto, do ponto riscado e dos olhos em transe, é africana, embora muitas das representações da Rosa encontradas hoje sejam de origem mexicana, norte-americana ou de mulheres brancas em estilo gótico.
Desde a amarração das velas, as caveiras no fio de contas e as texturas do seu vestido, vamos ensinando o olhar a desfamiliarizar o comum e estranhar o familiar.
Devolver a imagem descolonizada aos guias é só um dos passos para impedir que histórias sejam apagadas.”
Técnica: Pintura Digital
Ano: 2021
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Memorial:
“Eu queria descentralizar a imagem de mulher do cotidiano, puxando mais o lado ancestral e de pura magia da pombagira. Escolhi Rosa Caveira imaginada na vertente da Santeria Afro-cubana.
A herança de pintura de rosto, do charuto, do ponto riscado e dos olhos em transe, é africana, embora muitas das representações da Rosa encontradas hoje sejam de origem mexicana, norte-americana ou de mulheres brancas em estilo gótico.
Desde a amarração das velas, as caveiras no fio de contas e as texturas do seu vestido, vamos ensinando o olhar a desfamiliarizar o comum e estranhar o familiar.
Devolver a imagem descolonizada aos guias é só um dos passos para impedir que histórias sejam apagadas.”

"Maria"
Autor: Victor Godoi
Técnica: Xilogravura sobre papel
Ano: 2021
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Memorial: “Esta gravura é uma homenagem às diversas entidades que atendem pelo nome de “Maria”, tão comum entre as mulheres do Brasil, e também nome da santa maior do cristianismo popular brasileiro, que mistura catolicismo, benzeções e encantados.
“Na família da Maria só não entra quem não quer. É Maria Farrapo, Maria Padilha, Maria Mulambo, Maria Mulher”. Pombagira é a ancestralidade feminina que não se deixa dominar. É a mulher que ri, dança e celebra sua liberdade. Não à toa é tão perseguida e difamada. Poucas coisas são tão temidas quanto uma mulher livre.
Decidi representar Maria como ela poderia ser vista nos candomblés que vivencio: postura altiva, uma mão à cintura e um cigarro na outra, pano da costa amarrado ao tronco, os cabelos presos por um pano de Ori. Porém, não faço distinção se essa é a entidade “em si” ou incorporada em sua médium.
Escolhi representar antúrios em seu traje, pois são flores que, como as pombagiras, carregam uma série de simbolismos e dubiedades, como o masculino e o feminino, o amor romântico e o erotismo. Afinal, Maria é aquela que “tem peito de aço e um coração de um sabiá”.
Técnica: Xilogravura sobre papel
Ano: 2021
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Memorial: “Esta gravura é uma homenagem às diversas entidades que atendem pelo nome de “Maria”, tão comum entre as mulheres do Brasil, e também nome da santa maior do cristianismo popular brasileiro, que mistura catolicismo, benzeções e encantados.
“Na família da Maria só não entra quem não quer. É Maria Farrapo, Maria Padilha, Maria Mulambo, Maria Mulher”. Pombagira é a ancestralidade feminina que não se deixa dominar. É a mulher que ri, dança e celebra sua liberdade. Não à toa é tão perseguida e difamada. Poucas coisas são tão temidas quanto uma mulher livre.
Decidi representar Maria como ela poderia ser vista nos candomblés que vivencio: postura altiva, uma mão à cintura e um cigarro na outra, pano da costa amarrado ao tronco, os cabelos presos por um pano de Ori. Porém, não faço distinção se essa é a entidade “em si” ou incorporada em sua médium.
Escolhi representar antúrios em seu traje, pois são flores que, como as pombagiras, carregam uma série de simbolismos e dubiedades, como o masculino e o feminino, o amor romântico e o erotismo. Afinal, Maria é aquela que “tem peito de aço e um coração de um sabiá”.

"Pombagira das 7"
Autor: Eduardo Palutino (Peji)
Técnica: Pintura digital
Ano: 2021
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Memorial: "Eu inicio a minha trajetória com a arte ainda muito jovem. Entre os lápis e papéis, deixava minha imaginação infantil fluir e descobrir o mundo por si, como um explorador dos filmes de aventura. O Eduardo criança queria desenhar os personagens dos desenhos animados que via, desejava que aquele mundo encantado, que parecia tão distante da sua realidade, próximo, palpável, real. Ali, mesmo que de maneira inconsciente, eu desenvolvia o anseio artístico que me acompanha hoje, o de representar o que motiva, os elementos que me cercam. O Eduardo criança cresceu e os universos utópicos, que antes o fazia vibrar, já não faziam mais sentido. A arte sumiu de mim, era o que eu pensava. Foi preciso que a umbanda entrasse no minha história para que o melhor de mim voltasse atoa, a aspiração artística. A história do entidades e dos orixás fizeram o Eduardo adulto vibrar assim como o Eduardo criança vibrava desenhando. Assim, com o impulso de dar rosto aos relatos que vi e ouvi dentro do terreiro, além de aproximar ainda mais aquelas energias de mim, nasce o @pejiganeduardo no Instagram, onde eu divulgo minhas ilustrações.
A arte que eu trago para essa exposição é mais da intersecção do Eduardo criança e adulto, a influência dos desenhos animados e da ancestralidade que me atravessam. Durante o seu processo, estava em frente da televisão, assistindo um desenho de princesa da Disney. Enquanto isso, pensava como poderia retratar a entidade que me foi sorteada, a pombagira, e que é de tanto significado para mim. Diante dessas múltiplas informações sensoriais, tive uma epifania: Por que não unir o mágico da Disney com o simbolismo e a potência da Rainha das 7 encruzilhadas? Afinal, sua história mais comum é que ela era cortesã de um rei e fez feitiço para que ele se casasse com ela. Esse rei veio a falecer, tornando- a rainha, entretanto, seu governo não foi bem aceito, visto que, ela não possuía descendência real. Dessa maneira, seu trono foi cobiçado, trazendo instabilidade política ao seu território . Aconselhada a casar-se novamente com um Rei de império maior, por consequência, vencer as batalhas que colocavam em risco seu reinado. Não demorou muito para a Rainha falecer. Durante seu desencarne, sua alma vagou pelo limpo astral, até quando reencontrou seu primeiro marido, o qual havia se tornado Senhor da encruzilhada, e trabalhou ao seu lado, desempenhando a função de vencer . Sendo assim, percebi similaridade da história ancestral com aquelas contadas pelas produções de Disney, onde princesas enfrentam desafios para reinarem com toda graça. Portanto, o que apresento a vocês, hoje, é a união dos traços de Walter Disney na construção visual das princesas, com a força da ancestralidade dessa pombagira e a estética do @pejiganeduardo".
Técnica: Pintura digital
Ano: 2021
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Memorial: "Eu inicio a minha trajetória com a arte ainda muito jovem. Entre os lápis e papéis, deixava minha imaginação infantil fluir e descobrir o mundo por si, como um explorador dos filmes de aventura. O Eduardo criança queria desenhar os personagens dos desenhos animados que via, desejava que aquele mundo encantado, que parecia tão distante da sua realidade, próximo, palpável, real. Ali, mesmo que de maneira inconsciente, eu desenvolvia o anseio artístico que me acompanha hoje, o de representar o que motiva, os elementos que me cercam. O Eduardo criança cresceu e os universos utópicos, que antes o fazia vibrar, já não faziam mais sentido. A arte sumiu de mim, era o que eu pensava. Foi preciso que a umbanda entrasse no minha história para que o melhor de mim voltasse atoa, a aspiração artística. A história do entidades e dos orixás fizeram o Eduardo adulto vibrar assim como o Eduardo criança vibrava desenhando. Assim, com o impulso de dar rosto aos relatos que vi e ouvi dentro do terreiro, além de aproximar ainda mais aquelas energias de mim, nasce o @pejiganeduardo no Instagram, onde eu divulgo minhas ilustrações.
A arte que eu trago para essa exposição é mais da intersecção do Eduardo criança e adulto, a influência dos desenhos animados e da ancestralidade que me atravessam. Durante o seu processo, estava em frente da televisão, assistindo um desenho de princesa da Disney. Enquanto isso, pensava como poderia retratar a entidade que me foi sorteada, a pombagira, e que é de tanto significado para mim. Diante dessas múltiplas informações sensoriais, tive uma epifania: Por que não unir o mágico da Disney com o simbolismo e a potência da Rainha das 7 encruzilhadas? Afinal, sua história mais comum é que ela era cortesã de um rei e fez feitiço para que ele se casasse com ela. Esse rei veio a falecer, tornando- a rainha, entretanto, seu governo não foi bem aceito, visto que, ela não possuía descendência real. Dessa maneira, seu trono foi cobiçado, trazendo instabilidade política ao seu território . Aconselhada a casar-se novamente com um Rei de império maior, por consequência, vencer as batalhas que colocavam em risco seu reinado. Não demorou muito para a Rainha falecer. Durante seu desencarne, sua alma vagou pelo limpo astral, até quando reencontrou seu primeiro marido, o qual havia se tornado Senhor da encruzilhada, e trabalhou ao seu lado, desempenhando a função de vencer . Sendo assim, percebi similaridade da história ancestral com aquelas contadas pelas produções de Disney, onde princesas enfrentam desafios para reinarem com toda graça. Portanto, o que apresento a vocês, hoje, é a união dos traços de Walter Disney na construção visual das princesas, com a força da ancestralidade dessa pombagira e a estética do @pejiganeduardo".

"Exú Mirim"
Autor: Breno Loeser
Técnica: Pintura digital
Ano: 2021
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Memorial: A obra “Exu mirim” foi feita coincidentemente no dia seguinte à sua gira, em meu terreiro. Refletindo sobre os recados trazidos por esse espírito-guia inquieto e de intensa movimentação, comecei a pensar sobre os muitos exus mirins que habitam as periferias dos centros urbanos brasileiros. Na ilustração vemos Mirim com orelhas grandes, afinal ele ouve e acompanha tudo. Braço quebrado, pois é inquieto e está sempre correndo e brincando. O fumo e a bala de canela trazem dois aspectos de uma vida dura de exposição precoce a um mundo adulto frio e violento em contraste com a doçura de uma infância não tão explorada. Velas, cruzes e o sol prestes a se pôr evocam a morte e o processo de transição deste para o mundo espiritual".
Técnica: Pintura digital
Ano: 2021
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Memorial: A obra “Exu mirim” foi feita coincidentemente no dia seguinte à sua gira, em meu terreiro. Refletindo sobre os recados trazidos por esse espírito-guia inquieto e de intensa movimentação, comecei a pensar sobre os muitos exus mirins que habitam as periferias dos centros urbanos brasileiros. Na ilustração vemos Mirim com orelhas grandes, afinal ele ouve e acompanha tudo. Braço quebrado, pois é inquieto e está sempre correndo e brincando. O fumo e a bala de canela trazem dois aspectos de uma vida dura de exposição precoce a um mundo adulto frio e violento em contraste com a doçura de uma infância não tão explorada. Velas, cruzes e o sol prestes a se pôr evocam a morte e o processo de transição deste para o mundo espiritual".

"Exú Mirim"
Autor: Marília Teles e Silvério Mateus (Fofurices em linha)
Técnica: Amigurumi/Crochê espiral
Ano: 2021
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Memorial:
“Desenvolver esse rapazinho foi um desafio extremamente divertido...
São poucas as referências estéticas que encontramos de Exús Mirins, então fomos conversar com o povo macumbeiro mesmo, como eles os viam e os sentiam...
Para agregar a essa pesquisa e vivência resolvemos buscar Eleguá (Hiro Travieso de Olodumaré) na Santeria cubana, ganhando assim o chapéu e chave que são características fundamentais Dele.
Como não conseguimos imaginar um Mirim parado, esse boneco precisava ser articulado, tendo diversas opções de posturas como sentar, ficar em pé além de movimentar os membros. Pode ser que ele ganhe vida e saia por aí dando um rolê, mas não se assuste (hahaha).
Esperamos que os Maninhos da Banda de lá gostem tanto quanto nós dessa representação carinhosa (e super fofa) que ousamos fazer.
Que os Mirins ajudem a encontrar e quebrar tudo que é demanda na vida de todos!
Laroyê! Axé!”
Técnica: Amigurumi/Crochê espiral
Ano: 2021
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Memorial:
“Desenvolver esse rapazinho foi um desafio extremamente divertido...
São poucas as referências estéticas que encontramos de Exús Mirins, então fomos conversar com o povo macumbeiro mesmo, como eles os viam e os sentiam...
Para agregar a essa pesquisa e vivência resolvemos buscar Eleguá (Hiro Travieso de Olodumaré) na Santeria cubana, ganhando assim o chapéu e chave que são características fundamentais Dele.
Como não conseguimos imaginar um Mirim parado, esse boneco precisava ser articulado, tendo diversas opções de posturas como sentar, ficar em pé além de movimentar os membros. Pode ser que ele ganhe vida e saia por aí dando um rolê, mas não se assuste (hahaha).
Esperamos que os Maninhos da Banda de lá gostem tanto quanto nós dessa representação carinhosa (e super fofa) que ousamos fazer.
Que os Mirins ajudem a encontrar e quebrar tudo que é demanda na vida de todos!
Laroyê! Axé!”

"Brasinha e suas malinações "
Autora: Aline Guimarães (Línea)
Técnica: Pintura Digital
Ano: 2021
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Memorial:
“A feitura da obra “Brasinha e suas malinações”, começou muito antes de eu imaginar. Brasinha deu seu nome assim que eu soube que deveria desenhá-lo.
Lembro de meses atrás, em sonho, alguém me contar sobre os caminhos que caminhou, dos pés sobre brasas, mas só agora entendi que era sobre ele. O tempo na encruza é outro.
Mas quem é ele? Ele vem na linha de Exu Mirim, nas encruzilhadas, caminha e pula malinando sobre as brasas.Seu tamanho lembra uma criança, mas não se engane.
Perguntei a uma Encantada que desce na minha casinha de axé, quem é Exu Mirim e ela respondeu: “Imagine, o que uma criança faz, nenhum Exu desfaz. Agora imagine o poder de um Exu Mirim! (Hahahaha)”.
E é assim que eu te imagino, Brasinha, com todo seu poder e sua malícia, que brinca na encruzilhada, onde o tempo é outro e eu desconheço, mas que tu na brincadeira me ensina.
“Ele pulou brasa
ele pulou porteira
Botou fogo no paiol
só de brincadeira”
Técnica: Pintura Digital
Ano: 2021
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Memorial:
“A feitura da obra “Brasinha e suas malinações”, começou muito antes de eu imaginar. Brasinha deu seu nome assim que eu soube que deveria desenhá-lo.
Lembro de meses atrás, em sonho, alguém me contar sobre os caminhos que caminhou, dos pés sobre brasas, mas só agora entendi que era sobre ele. O tempo na encruza é outro.
Mas quem é ele? Ele vem na linha de Exu Mirim, nas encruzilhadas, caminha e pula malinando sobre as brasas.Seu tamanho lembra uma criança, mas não se engane.
Perguntei a uma Encantada que desce na minha casinha de axé, quem é Exu Mirim e ela respondeu: “Imagine, o que uma criança faz, nenhum Exu desfaz. Agora imagine o poder de um Exu Mirim! (Hahahaha)”.
E é assim que eu te imagino, Brasinha, com todo seu poder e sua malícia, que brinca na encruzilhada, onde o tempo é outro e eu desconheço, mas que tu na brincadeira me ensina.
“Ele pulou brasa
ele pulou porteira
Botou fogo no paiol
só de brincadeira”

"Abraço de Mirim"
Autor: Tom Lima
Técnica: Acrílica sobre tela
Ano: 2021
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Memorial:
“Quando o Paulin me falou que meu trabalho seria retratar Pombagira Mirim eu tomei um susto. No meu terreiro cultuamos os Mirins, mas eles não são uma presença frequente, baixando de vez em quando, no momento necessário.
Tentando me conectar com essa energia fui ouvir pontos, mas foi outro problema, quase não há pontos das Pombagiras Mirins, no máximo de Exu Mirim.
Isso me levou a um processo de tentar conhecer essa entidade através do desenho e dos esboços. O Resultado? Um ótimo esboço de Pombagira Menina que em breve vai virar pintura também!
Ela ficou muito madura, algo entre a adolescência e a vida adulta, não era a Pombagira Mirim que eu procurava. Isso provavelmente refletiu o maior contato que tenho com essa entidade do que com os Mirins, mas segui insistindo, com essa estratégia de deixar a entidade falar através do meu desenho.
Assim fui descobrindo que a Pombagira Mirim deveria ser uma criança, feliz e arteira, com muita energia, pulando na porta do cemitério numa noite de lua cheia.
Sabia que teria algumas bonecas sem cabeça, já que conheço uma que trabalha assim, e também doces, e conhaque, e refrigerante. Pronto, a composição se mostrou pra mim.
Esse é o resultado que vocês podem conferir aqui, espero que gostem e que ela goste também.
Axé.”
Técnica: Acrílica sobre tela
Ano: 2021
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Memorial:
“Quando o Paulin me falou que meu trabalho seria retratar Pombagira Mirim eu tomei um susto. No meu terreiro cultuamos os Mirins, mas eles não são uma presença frequente, baixando de vez em quando, no momento necessário.
Tentando me conectar com essa energia fui ouvir pontos, mas foi outro problema, quase não há pontos das Pombagiras Mirins, no máximo de Exu Mirim.
Isso me levou a um processo de tentar conhecer essa entidade através do desenho e dos esboços. O Resultado? Um ótimo esboço de Pombagira Menina que em breve vai virar pintura também!
Ela ficou muito madura, algo entre a adolescência e a vida adulta, não era a Pombagira Mirim que eu procurava. Isso provavelmente refletiu o maior contato que tenho com essa entidade do que com os Mirins, mas segui insistindo, com essa estratégia de deixar a entidade falar através do meu desenho.
Assim fui descobrindo que a Pombagira Mirim deveria ser uma criança, feliz e arteira, com muita energia, pulando na porta do cemitério numa noite de lua cheia.
Sabia que teria algumas bonecas sem cabeça, já que conheço uma que trabalha assim, e também doces, e conhaque, e refrigerante. Pronto, a composição se mostrou pra mim.
Esse é o resultado que vocês podem conferir aqui, espero que gostem e que ela goste também.
Axé.”

"Eu sou muitas"
Autor: Mauricio Nogueira
Técnica: Pintura digital
Ano: 2021
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Memorial:
“Quando soube que minha missão era retratar um guia de esquerda, me emocionei muito, visto a proximidade e carinho que tenho pelo povo da rua.
Imediatamente fechei os olhos e pedi licença e inspiração e pronto, no meio de uma estrada a guardiã menina surgiu, pequena em tamanho, gigante em seu axé. Vestido vermelho simples, vela firmada no chão e um chakra cardíaco que brilhava feito o Sol.
Num exercício mediúnico, pedi que me fosse revelado mais sobre aquela Pombagira, e a única coisa que ela parecia dizer era "EU SOU MUITAS".
Fiquei dias com a imagem daquela menina na estrada, a noite, semblante arisco e olhar de quem não teve chance de ser criança. Durante dias meditando e tentando me aproximar para entender a entidade, acho que finalmente compreendi como ela queria ser representada... Ou ao menos, perto disso.
Pombagira mirim é guardiã de quem é explorado, desumanizado e marginalizado. É a ribeirinha vendida por sacos de comida, a quilombola, a indígena lutando pelo direito à terra, a travesti expulsa de casa aos 9 anos e todo mundo humilhado, moído pelo sistema.
Pombagira Mirim é brasa de Xangô e aço de Iansã nos lembrando que é na luta que se conquista o tão falado "mundo melhor". Quem tem fé nessa Lebara, sabe que na encruzilhada não se perde, mas faz o caminho que quiser. Laroyê!”
Técnica: Pintura digital
Ano: 2021
_
Memorial:
“Quando soube que minha missão era retratar um guia de esquerda, me emocionei muito, visto a proximidade e carinho que tenho pelo povo da rua.
Imediatamente fechei os olhos e pedi licença e inspiração e pronto, no meio de uma estrada a guardiã menina surgiu, pequena em tamanho, gigante em seu axé. Vestido vermelho simples, vela firmada no chão e um chakra cardíaco que brilhava feito o Sol.
Num exercício mediúnico, pedi que me fosse revelado mais sobre aquela Pombagira, e a única coisa que ela parecia dizer era "EU SOU MUITAS".
Fiquei dias com a imagem daquela menina na estrada, a noite, semblante arisco e olhar de quem não teve chance de ser criança. Durante dias meditando e tentando me aproximar para entender a entidade, acho que finalmente compreendi como ela queria ser representada... Ou ao menos, perto disso.
Pombagira mirim é guardiã de quem é explorado, desumanizado e marginalizado. É a ribeirinha vendida por sacos de comida, a quilombola, a indígena lutando pelo direito à terra, a travesti expulsa de casa aos 9 anos e todo mundo humilhado, moído pelo sistema.
Pombagira Mirim é brasa de Xangô e aço de Iansã nos lembrando que é na luta que se conquista o tão falado "mundo melhor". Quem tem fé nessa Lebara, sabe que na encruzilhada não se perde, mas faz o caminho que quiser. Laroyê!”

"Pombagira Mirim"
Autor: Roniery
Técnica: Pintura digital
Ano: 2021
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Memorial: “Essa ilustração é na verdade o registro de um sonho. Certo dia, nessas viagens astrais, Ela me apareceu trajando seu vestido preto com bolinhas brancas. Estranhei sua aparência, pois parecia um pouco adulta para ser "mirim" e só depois fui entender que em algumas casas de candomblé a linha de Mirins estavam mais próximas da juventude e foi assim que recebi sua visita.
Embora trabalhe com arte analógica, resolvi trabalhar com o digital aproveitando o axé de abertura de caminhos e comunicação dessa falange. Aberto ao novo!
Laroyê!”
Técnica: Pintura digital
Ano: 2021
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Memorial: “Essa ilustração é na verdade o registro de um sonho. Certo dia, nessas viagens astrais, Ela me apareceu trajando seu vestido preto com bolinhas brancas. Estranhei sua aparência, pois parecia um pouco adulta para ser "mirim" e só depois fui entender que em algumas casas de candomblé a linha de Mirins estavam mais próximas da juventude e foi assim que recebi sua visita.
Embora trabalhe com arte analógica, resolvi trabalhar com o digital aproveitando o axé de abertura de caminhos e comunicação dessa falange. Aberto ao novo!
Laroyê!”

"Medicina da Velha"
Autor: Paulo Ricardo (Paulin)
Técnica: Pintura digital
Ano: 2021
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Memorial: “Meus processos criativos no geral giram em torno sempre de rascunhos analógicos. Sinto que desse jeito trás as irregularidades do natural, algo que talvez as luzes do monitor e a leitura de pixels não alcance a sensibilidade que é o fluir do desenhar. Pensando e fazendo dessa forma, vejo como um caminho para o meu imaginário trabalhar nesse atrito do lápis e o papel, como se as linhas fossem verdadeiras encruzilhadas.
E são nessas encruzilhadas que me encontro quando preciso necessariamente representar através do que eu sei, um guia ancestral. É um verdadeiro diálogo que duram dias. Sabe aquela "fonte das vozes da minha cabeça"? Pois é. Quem arria padê pra Exú sabe o que eu estou falando. Além de ser uma relação entre o sujeito, seus materiais e a materialização em si, há a troca entre o sujeito e o espiritual. Bem, pelo menos pra mim. Nessa bancada fala o que quer e assim acontece o processo criativo de quem poderia ser, todavia sempre há dúvidas se realmente é, por tanto deixo que alguém de fora possa ter o olhar da sensibilidade para poder enxergar que é sim através de um alto reconhecimento.
Fui sorteado com uma Preta-Velha Quimbandeira para participar desta exposição e a minha relação com esse guia ancestral é através de terceiros. Na verdade há muito o que aprender para ter alguma base para tal representação artística, mas acredito que as escolhas dos elementos menos óbvias como búzios, cabaça, guia de povos da rua, ponto riscado exusíaco - como diria Luiz Antônio Simas - e a própria Nkisi, me trouxe outro sentimento do que é estar diante de uma preta-velha que não necessariamente seja quimbandeira neste sentido mais bantu no qual foi representada. É como transgredir aquela fisionomia de alguém que apenas é uma figura "santificada" no terreiro, para então trazer à tona uma outra face, algo que talvez seja o mais próximo daquela pessoa que fazia o que fazia para viver, sem o véu do embranquecimento posta nos terreiros de Umbanda que insistem em pregar suas histórias institucionalizadas e racistas. Creio que se eles são a própria magia preta investida de poder de transformação como assertivamente Babá Sidnei Nogueira o disse, então a quimbanda, ou seja a cura/curador está inevitavelmente entrecruzada nos trabalhos dos pretes-velhes, uma vez que a troca de conhecimento sobre as práticas religiosas era comum entre o povo preto de diversas regiões da África como um meio de sobrevivência e culto à memória de uma das maiores moléstias do mundo: a escravização.”
Técnica: Pintura digital
Ano: 2021
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Memorial: “Meus processos criativos no geral giram em torno sempre de rascunhos analógicos. Sinto que desse jeito trás as irregularidades do natural, algo que talvez as luzes do monitor e a leitura de pixels não alcance a sensibilidade que é o fluir do desenhar. Pensando e fazendo dessa forma, vejo como um caminho para o meu imaginário trabalhar nesse atrito do lápis e o papel, como se as linhas fossem verdadeiras encruzilhadas.
E são nessas encruzilhadas que me encontro quando preciso necessariamente representar através do que eu sei, um guia ancestral. É um verdadeiro diálogo que duram dias. Sabe aquela "fonte das vozes da minha cabeça"? Pois é. Quem arria padê pra Exú sabe o que eu estou falando. Além de ser uma relação entre o sujeito, seus materiais e a materialização em si, há a troca entre o sujeito e o espiritual. Bem, pelo menos pra mim. Nessa bancada fala o que quer e assim acontece o processo criativo de quem poderia ser, todavia sempre há dúvidas se realmente é, por tanto deixo que alguém de fora possa ter o olhar da sensibilidade para poder enxergar que é sim através de um alto reconhecimento.
Fui sorteado com uma Preta-Velha Quimbandeira para participar desta exposição e a minha relação com esse guia ancestral é através de terceiros. Na verdade há muito o que aprender para ter alguma base para tal representação artística, mas acredito que as escolhas dos elementos menos óbvias como búzios, cabaça, guia de povos da rua, ponto riscado exusíaco - como diria Luiz Antônio Simas - e a própria Nkisi, me trouxe outro sentimento do que é estar diante de uma preta-velha que não necessariamente seja quimbandeira neste sentido mais bantu no qual foi representada. É como transgredir aquela fisionomia de alguém que apenas é uma figura "santificada" no terreiro, para então trazer à tona uma outra face, algo que talvez seja o mais próximo daquela pessoa que fazia o que fazia para viver, sem o véu do embranquecimento posta nos terreiros de Umbanda que insistem em pregar suas histórias institucionalizadas e racistas. Creio que se eles são a própria magia preta investida de poder de transformação como assertivamente Babá Sidnei Nogueira o disse, então a quimbanda, ou seja a cura/curador está inevitavelmente entrecruzada nos trabalhos dos pretes-velhes, uma vez que a troca de conhecimento sobre as práticas religiosas era comum entre o povo preto de diversas regiões da África como um meio de sobrevivência e culto à memória de uma das maiores moléstias do mundo: a escravização.”

"Desata nó"
Autora: Nayara Carvalho
Técnica: Nanquim
Ano: 2021
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Memorial: "Obra inspirada no vô Desata nó, guia ancestral de minha mãe de santo, Dona Maria Reis. Um preto velho quimbandeiro de poucas palavras e mandinga forte, um homem negro, gordo, grande, forte, de pé no chão e sem camisa, o pescoço cheio de colares coloridos e nas mãos seu Rosário encantado feito de nó".
Técnica: Nanquim
Ano: 2021
_
Memorial: "Obra inspirada no vô Desata nó, guia ancestral de minha mãe de santo, Dona Maria Reis. Um preto velho quimbandeiro de poucas palavras e mandinga forte, um homem negro, gordo, grande, forte, de pé no chão e sem camisa, o pescoço cheio de colares coloridos e nas mãos seu Rosário encantado feito de nó".

"Café e Guiné"
Autora: Clarissa Lorencette
Técnica: Mista / Nanquim sobre papel Canson e edição digital.
Ano: 2021
_
Memorial:
“Café e Guiné
tremendo e curvada
com arruda e guiné
vovó veio ajudar.
doenças, ela cura
problemas, ela afasta
mandinga contra o mal
preocupações já não há.
me chamou para sentar
tomando seu café
bons conselhos sempre dá.
preta fala, a vida ensina”.
Técnica: Mista / Nanquim sobre papel Canson e edição digital.
Ano: 2021
_
Memorial:
“Café e Guiné
tremendo e curvada
com arruda e guiné
vovó veio ajudar.
doenças, ela cura
problemas, ela afasta
mandinga contra o mal
preocupações já não há.
me chamou para sentar
tomando seu café
bons conselhos sempre dá.
preta fala, a vida ensina”.

"Preto Velho Quimbandeiro"
Autor: Thiago Martinni
Técnica: Carvão e grafite
Ano: 2021
_
Memorial:
“Eu não sou Exu. Podemos trabalhar juntos, mas não sou Exu, nem faço magia negativa. Pelo contrário, eu a desfaço. Suncê sabe o que "quimbandeiro" significa? Vem da palavra africana em Bantu que quer dizer "curador", então o que pode haver de ruim nisso?
Eu sou feiticeiro e estou aqui para dar continuidade a ancestralidade de meu povo. Àquele mesmo povo preto que foi massacrado e escravizado, impedido de realizar seus cultos.
Ainda existe muito preconceito para superar e muito trabalho a fazer. Sabe fio, não sou muito das palavras como suncê tá acostumado com os outros preto veio, mas ajudamos também a quem tem fé. Salve nosso Pai Obaluayê!”
Texto: Giulianna Loffredo (@giuliannaloffredo)
“A ideia para a construção da imagem do preto velho quimbandeiro surgiu da vontade de seguir uma linha contrária ao imaginário comum que se tem das figuras dos outros pretos velhos.
Com olhar penetrante e um sorriso de canto de boca, traz sua magia escondida, seus conhecimentos, sua ancestralidade e a facilidade que tem de lidar com as demandas”.
Técnica: Carvão e grafite
Ano: 2021
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Memorial:
“Eu não sou Exu. Podemos trabalhar juntos, mas não sou Exu, nem faço magia negativa. Pelo contrário, eu a desfaço. Suncê sabe o que "quimbandeiro" significa? Vem da palavra africana em Bantu que quer dizer "curador", então o que pode haver de ruim nisso?
Eu sou feiticeiro e estou aqui para dar continuidade a ancestralidade de meu povo. Àquele mesmo povo preto que foi massacrado e escravizado, impedido de realizar seus cultos.
Ainda existe muito preconceito para superar e muito trabalho a fazer. Sabe fio, não sou muito das palavras como suncê tá acostumado com os outros preto veio, mas ajudamos também a quem tem fé. Salve nosso Pai Obaluayê!”
Texto: Giulianna Loffredo (@giuliannaloffredo)
“A ideia para a construção da imagem do preto velho quimbandeiro surgiu da vontade de seguir uma linha contrária ao imaginário comum que se tem das figuras dos outros pretos velhos.
Com olhar penetrante e um sorriso de canto de boca, traz sua magia escondida, seus conhecimentos, sua ancestralidade e a facilidade que tem de lidar com as demandas”.

"Preto Velho"
Autor: Bendito Benedito
Técnica: Fotografia
Ano: 2021
_
Memorial: “Me chamo Marco Alcântara, 40 anos, mais conhecido
como Bendito Benedito. Fotógrafo profissionalmente há 6 anos.
Há dois anos atuo, exclusivamente, em comunidades tradicionais
de matriz afro indígena, e na produção de fotografias
que se baseiam em suas epistemologias.
Buscando fomentar através da arte o debate sobre a construção
histórica de imagens que fortalecem uma narrativa única
racista já estruturalmente estabelecida, trazer através
de uma concepção artística e também documental, novos
olhares que trazem reconhecimento e representatividade
para os integrantes destas comunidades tradicionais, contribuindo
também, com a produção fotográfica para a preservação
histórica destes espaços civilizatórios fundamentais
na construção da identidade de seus integrantes e da comunidade
ao qual estão inseridos. Trabalho este que me permite trilhar
um caminho de resgate histórico, também pessoal, aonde
passo a me reconhecer, não somente como um integrante
de uma comunidade tradicional de matriz africana, mas
como um homem preto que busca através de sua arte
prover entendimento para si e outros, sobre o que realmente é seu ethos.
É com essa concepção que direciono meu processo criativo, desde a concepção à concretização das imagens.
Essa é uma das imagens que compõe este ensaio,
e representa parte importante de um debate que visaevidenciar
e combater, o silenciamento e apagamento, que ao longo do tempo
permeiam as práticas de terreiros de makumba/umbanda.”
Técnica: Fotografia
Ano: 2021
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Memorial: “Me chamo Marco Alcântara, 40 anos, mais conhecido
como Bendito Benedito. Fotógrafo profissionalmente há 6 anos.
Há dois anos atuo, exclusivamente, em comunidades tradicionais
de matriz afro indígena, e na produção de fotografias
que se baseiam em suas epistemologias.
Buscando fomentar através da arte o debate sobre a construção
histórica de imagens que fortalecem uma narrativa única
racista já estruturalmente estabelecida, trazer através
de uma concepção artística e também documental, novos
olhares que trazem reconhecimento e representatividade
para os integrantes destas comunidades tradicionais, contribuindo
também, com a produção fotográfica para a preservação
histórica destes espaços civilizatórios fundamentais
na construção da identidade de seus integrantes e da comunidade
ao qual estão inseridos. Trabalho este que me permite trilhar
um caminho de resgate histórico, também pessoal, aonde
passo a me reconhecer, não somente como um integrante
de uma comunidade tradicional de matriz africana, mas
como um homem preto que busca através de sua arte
prover entendimento para si e outros, sobre o que realmente é seu ethos.
É com essa concepção que direciono meu processo criativo, desde a concepção à concretização das imagens.
Essa é uma das imagens que compõe este ensaio,
e representa parte importante de um debate que visaevidenciar
e combater, o silenciamento e apagamento, que ao longo do tempo
permeiam as práticas de terreiros de makumba/umbanda.”

"Sete Flechas"
Autor: Augustinho
Técnica: Pintura digital
Ano: 2021
_
Memorial: “As flechas de caboclo são os direcionamentos ancestrais nos mostrando onde devemos riscar o ponto. Essa arte fala sobre abrir caminhos para o futuro sem esquecer de onde, inicialmente, a flecha foi lançada.
É sobre ser caboclo e viver a “caboclaria”. Acertar o alvo e os espaços que queremos alcançar, celebrando e honrando nossas origens”.
Técnica: Pintura digital
Ano: 2021
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Memorial: “As flechas de caboclo são os direcionamentos ancestrais nos mostrando onde devemos riscar o ponto. Essa arte fala sobre abrir caminhos para o futuro sem esquecer de onde, inicialmente, a flecha foi lançada.
É sobre ser caboclo e viver a “caboclaria”. Acertar o alvo e os espaços que queremos alcançar, celebrando e honrando nossas origens”.

"Os olhos da dona da mata"
Autora: Raphaella Gomez
Técnica: Acrílica sobre papel
Ano: 2021
_
Memorial:
"É de suma importância e dever nosso manter vivo os retratos e relatos de entidades pouco faladas em religiões de matriz africana.
A obra "Os olhos da dona na mata" traz o resgate e a memória de uma anciã protetora das matas e de seus filhos, contando com a narrativa de que seus olhos que tudo vê e nada passa despercebido.
As caboclas são muito intuitivas, donas de seus caminhos e abrindo os nossos.
O processo de pesquisa para a criação da obra foi imprescindível para o meu aprendizado enquanto candomblecista que não cultua essa entidade, e de expansão sobre a minha visão de todo arquétipo colocado sobre a cabocla".
Técnica: Acrílica sobre papel
Ano: 2021
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Memorial:
"É de suma importância e dever nosso manter vivo os retratos e relatos de entidades pouco faladas em religiões de matriz africana.
A obra "Os olhos da dona na mata" traz o resgate e a memória de uma anciã protetora das matas e de seus filhos, contando com a narrativa de que seus olhos que tudo vê e nada passa despercebido.
As caboclas são muito intuitivas, donas de seus caminhos e abrindo os nossos.
O processo de pesquisa para a criação da obra foi imprescindível para o meu aprendizado enquanto candomblecista que não cultua essa entidade, e de expansão sobre a minha visão de todo arquétipo colocado sobre a cabocla".

"A Força"
Autora: Janaina Bordinhão
Técnica: Aquarela e nanquim
Ano: 2021
_
Memorial:
“A inspiração para essa obra foi o arcano 8 do tarot: A Força, que representa não a força física, mas a coragem, a estratégia e o autocontrole, a capacidade de lidar com as situações mais adversas sem perder a gentileza e o carinho, como uma mãe.
Na carta original, o animal representado é um leão, que nessa minha releitura optei pela onça-pintada, representando as situações desafiadoras e também a natureza selvagem, os impulsos primitivos, nos mostrando que não é necessário só lutar contra tudo, contra o mundo, contra nós mesmos, mas andar lado a lado e manter a visão clara sobre as situações.
Esse arcano para mim representa muito bem a linha dos caboclos, que são fortes e valentes, mas antes de tudo amorosos e grandes estrategistas, nos ensinando o momento certo de observar, o momento de agir, como quem caça na mata.
Para pesquisa de referências usei fotos e gravações de aldeias brasileiras disponíveis em redes sociais de ativistas indígenas, para manter a representação fiel a cultura ancestral dos caboclos que permanece viva em seus descendentes”.
Técnica: Aquarela e nanquim
Ano: 2021
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Memorial:
“A inspiração para essa obra foi o arcano 8 do tarot: A Força, que representa não a força física, mas a coragem, a estratégia e o autocontrole, a capacidade de lidar com as situações mais adversas sem perder a gentileza e o carinho, como uma mãe.
Na carta original, o animal representado é um leão, que nessa minha releitura optei pela onça-pintada, representando as situações desafiadoras e também a natureza selvagem, os impulsos primitivos, nos mostrando que não é necessário só lutar contra tudo, contra o mundo, contra nós mesmos, mas andar lado a lado e manter a visão clara sobre as situações.
Esse arcano para mim representa muito bem a linha dos caboclos, que são fortes e valentes, mas antes de tudo amorosos e grandes estrategistas, nos ensinando o momento certo de observar, o momento de agir, como quem caça na mata.
Para pesquisa de referências usei fotos e gravações de aldeias brasileiras disponíveis em redes sociais de ativistas indígenas, para manter a representação fiel a cultura ancestral dos caboclos que permanece viva em seus descendentes”.

"Boiadeira"
Autora: Christine Azzi
Técnica: Mista (aquarela/guache/caneta)
Ano: 2021
_
Memorial:
“Recebi, como resultado do sorteio, a entidade "Boiadeira".
De início, tive que pesquisar pois não tinha muito conhecimento sobre ela - a não ser sobre seu correspondente masculino, o que me pareceu já um sinal interessante.
Afinal, eu que trabalho com pesquisa de mulheres artistas que não são lembradas pela historiografia tradicional, me deparei com esse novo desafio, num campo de estudo que eu não imaginava.
Após algumas conversas e buscas, resolvi que faria um retrato estilizado que remetesse às mulheres do campo, dando ênfase ao trabalho das mãos, não apenas com animais, mas também com plantas e arte. Fiz uma primeira ilustração e cheguei a terminá-la, mas o resultado não me conquistou.
Faltavam então dois dias para a entrega final do trabalho. Pesquisei novas referências e minha atenção se prendia ainda na imagem das mãos como símbolo do criar; mas não mais um retrato. Decidi então que faria uma nova ilustração, usando tons terrosos e minhas mãos como referência.
Nessa noite, sonhei que alguém me dizia que as cores usadas na ilustração deveriam ser o azul e magenta. Acordei e assim o fiz: literalmente mãos à obra.
Usei minha própria mão como referência de formas e linhas - do traço e da vida. Dei destaque ao chicote como instrumento sagrado da Boiadeira, ampliando seu significado a partir do simbolismo que esse desenho tem no baralho cigano. O chicote, nesse oráculo, representa a ação, a força e também pode representar a energia espiritual, a magia.
Dessa forma, cheguei à síntese de ideias e símbolos que eu desejava, pondo em cena a potência das mãos, da energia criativa e espiritual dessa entidade conectada ao fazer e à força femininos”.
Técnica: Mista (aquarela/guache/caneta)
Ano: 2021
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Memorial:
“Recebi, como resultado do sorteio, a entidade "Boiadeira".
De início, tive que pesquisar pois não tinha muito conhecimento sobre ela - a não ser sobre seu correspondente masculino, o que me pareceu já um sinal interessante.
Afinal, eu que trabalho com pesquisa de mulheres artistas que não são lembradas pela historiografia tradicional, me deparei com esse novo desafio, num campo de estudo que eu não imaginava.
Após algumas conversas e buscas, resolvi que faria um retrato estilizado que remetesse às mulheres do campo, dando ênfase ao trabalho das mãos, não apenas com animais, mas também com plantas e arte. Fiz uma primeira ilustração e cheguei a terminá-la, mas o resultado não me conquistou.
Faltavam então dois dias para a entrega final do trabalho. Pesquisei novas referências e minha atenção se prendia ainda na imagem das mãos como símbolo do criar; mas não mais um retrato. Decidi então que faria uma nova ilustração, usando tons terrosos e minhas mãos como referência.
Nessa noite, sonhei que alguém me dizia que as cores usadas na ilustração deveriam ser o azul e magenta. Acordei e assim o fiz: literalmente mãos à obra.
Usei minha própria mão como referência de formas e linhas - do traço e da vida. Dei destaque ao chicote como instrumento sagrado da Boiadeira, ampliando seu significado a partir do simbolismo que esse desenho tem no baralho cigano. O chicote, nesse oráculo, representa a ação, a força e também pode representar a energia espiritual, a magia.
Dessa forma, cheguei à síntese de ideias e símbolos que eu desejava, pondo em cena a potência das mãos, da energia criativa e espiritual dessa entidade conectada ao fazer e à força femininos”.

"Maria Jangadeira"
Autor: Matheus Henrique
Técnica: Óleo sobre papel
Ano: 2021
_
Memorial: “Faço de Maria Jangadeira uma oração em versos de rima plástica à natureza feminina que habita as águas nacionais.
Maria Jangadeira é a entidade que traduz a força da mulher brasileira, que na labuta do dia a dia provém dos mares e rios o sustento dos seus”.
Técnica: Óleo sobre papel
Ano: 2021
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Memorial: “Faço de Maria Jangadeira uma oração em versos de rima plástica à natureza feminina que habita as águas nacionais.
Maria Jangadeira é a entidade que traduz a força da mulher brasileira, que na labuta do dia a dia provém dos mares e rios o sustento dos seus”.

"Quem me navega é o mar"
Autora: Ana Wanderley (Cleoprtx)
Técnica: Pintura digital
Ano: 2021
_
Memorial:
“Meu trabalho é sobre marujos e à primeira vista eu fiquei apreensiva, é uma linha de trabalho que eu não conheço quase.
Toda vez que penso em Marujo eu penso na Calunga grande, o mar que brota vida, o mar que dá o alimento, o mar que purifica e o mar revolto.
Trago ribeirinhos, pescadores e ao centro velas à Iemanjá, que proteja todos quem vem e vão pelos mares”.
Técnica: Pintura digital
Ano: 2021
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Memorial:
“Meu trabalho é sobre marujos e à primeira vista eu fiquei apreensiva, é uma linha de trabalho que eu não conheço quase.
Toda vez que penso em Marujo eu penso na Calunga grande, o mar que brota vida, o mar que dá o alimento, o mar que purifica e o mar revolto.
Trago ribeirinhos, pescadores e ao centro velas à Iemanjá, que proteja todos quem vem e vão pelos mares”.

"Cabocla Mariana"
Autora: Ludmila Vilarinhos
Técnica: Aquarela sobre papel
Ano: 2021
_
Memorial:
“Cabocla Mariana é uma entidade turca, da linha dos encantados cultuada no Pará e Maranhão, mas que nos visita aqui no nosso terreiro no interior do Rio.
Quando decidi retratá-la e comecei a pesquisar mais da sua história, me incomodou muito que todas as representações eram uma loira de pele clara, com um peixe e uma âncora. Uma representação simplista demais pra uma entidade com uma história tão rica.
Na semana antes de começar a desenhar, Dona Mariana me permitiu tocar o maracá com ela e absorver um pouco desse axé, do vai e vem das ondas e da maré.
Pensei também nas nossas esculturas, presentes no Gongá e porque Dona Mariana não tinha recebido uma a sua altura”.
Técnica: Aquarela sobre papel
Ano: 2021
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Memorial:
“Cabocla Mariana é uma entidade turca, da linha dos encantados cultuada no Pará e Maranhão, mas que nos visita aqui no nosso terreiro no interior do Rio.
Quando decidi retratá-la e comecei a pesquisar mais da sua história, me incomodou muito que todas as representações eram uma loira de pele clara, com um peixe e uma âncora. Uma representação simplista demais pra uma entidade com uma história tão rica.
Na semana antes de começar a desenhar, Dona Mariana me permitiu tocar o maracá com ela e absorver um pouco desse axé, do vai e vem das ondas e da maré.
Pensei também nas nossas esculturas, presentes no Gongá e porque Dona Mariana não tinha recebido uma a sua altura”.

"Cigana da estrada"
Autor: Paulo Henrique
Técnica: Pintura digital
Ano: 2021
_
Memorial: "O processo de criação da obra veio na observação da minha da vivência de terreiro.
O tambor, o pandeiro de fita, o canto e o silencio. Baralho na mão, alegria no ar e uma dança que faz hipnotizar.
Assim, busquei representar o mistério, o caminho, a dúvida e a certeza de quem já muito caminhou e muito ainda há de caminhar".
Técnica: Pintura digital
Ano: 2021
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Memorial: "O processo de criação da obra veio na observação da minha da vivência de terreiro.
O tambor, o pandeiro de fita, o canto e o silencio. Baralho na mão, alegria no ar e uma dança que faz hipnotizar.
Assim, busquei representar o mistério, o caminho, a dúvida e a certeza de quem já muito caminhou e muito ainda há de caminhar".